Para os americanos esta série já está no Baú há mais de um ano, mas para nós brasileiros não. E nem teria como, já que o canal Record resolveu transformar a história da adolescência do ator Chris Rock em seu “Chaves”. Com tantas repetições dia após dia, e o merecido sucesso, cabe indagar: sinceramente, existe alguém que odeia o Chris?
O título da série é um trocadilho com outra série famosa, Everybody Loves Raymond; e sabemos que quando se trata de piadas ácidas e trocadilhos ninguém melhor do que o Chris. Não o do seriado, mas o comediante e ator Chris Rock, que foi criador, produtor, narrador e ator na série. Agora, quem diria que a adolescência dele foi tão maluca e divertida? E sim, a maior parte dos eventos relatados na série de fato ocorreu, o que só aumenta a minha surpresa com os acontecimentos de cada episódio.
A história começa justamente no momento em que o jovem Chris (Tyler James Williams), irmão mais velho de uma família com três crianças, entra na puberdade e descobre as dificuldades e responsabilidades que “envelhecer” trás. Como se não bastasse isso, ele ainda tem que aturar a sua mãe, Rochelle (Tichina Arnold), que é a “típica mulher negra americana”, além do seu pai, Julius (Terry Crews), que mesmo trabalhando em dois empregos é o maior pão duro da face da Terra (Só não é o maior do universo porque este título pertence ao Tio Patinhas, mas isto é outra história…).
Os irmãos do Chris, no seriado, também não eram flores que se cheirem: sua irmã Tonya (Imani Hakim) é uma peste chantagista; e seu irmão, Drew (Tequan Richmond), além de ser mais alto que seu mano mais velho, é o maior garanhão do bairro Bed-Stuy, em Nova York, mesmo que não notasse isso na maioria das vezes. Já na vida real, há diferenças significativas: Chris Rock tem sete irmãos, dentre eles Tony, Kenny, Andrew (Drew) e Tonya (sendo que só esses últimos aparecem na série).
Não posso me esquecer do grande amigo de infância do Chris, Greg (Vincent Martella). Ele é um ítalo-americano, nerd e o único que gosta de Chris. (Quase) Sempre que Chris precisava podia contar com seu amigo para ajudá-lo.
Eu poderia citar alguns excelentes episódios da série, mas estaria só enrolando. Além de que, com a Record exibindo o seriado durante horas todas as tardes, vocês sempre podem dar uma passada por lá e conferir. O importante a se destacar é que mesmo sendo uma série para canal aberto, a marca registrada do comediante Chris Rock permaneceu intocada durante todas as suas quatro temporadas: o politicamente incorreto.
Seria abuso meu dizer que a professora do Chris, Srta. Morello, interpretada por Jacqueline Mazarella, se tornou inesquecível? Ou que os exageros narrativos, que apresentavam situações insanas, estão entre as mais engraçadas que já presenciei numa série? Penso que não. Na verdade, tenho certeza que não.
Este é mérito maior da série: além de politicamente incorreta, conseguiu ser engraçada; e dessa forma ela fez jus ao grande comediante a qual sua história advém. Abordando sarcasticamente os conflitos sociais e raciais na década de 80 nos EUA, a série soube entreter seu público com as suas várias e bizarras histórias.
Irônico é saber que a série só foi cancelada pelo canal CW, porque a programada quinta temporada iria abordar o início da carreira humorística de Chris Rock, e a morte de seu pai, Julius, em 1988, o que o canal alegou ser uma fuga do enredo inicial.
P.S: Respondendo a pergunta feita no início desse texto, acredito que, tirando o Caruso, mais ninguém. O problema é que se a série se chamasse “Quase Ninguém Odeia o Chris”, ela não seria tão engraçada assim.













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